sexta-feira, 11 de setembro de 2009

.minha capelinha

As festas da capela lá da aldeia sempre foram eventos importantes para o povo da terrinha. Além de conhecidas pelas redondezas, além de trazerem os pimbas mais famosos do país e de arrastarem multidões, aquelas festas são das poucas com a tradição dos andores. Mas andores a sério! Bonitos, grandes, elegantes.

O aspecto de cada andor é sigilo sagrado para o pequeno grupo que, durante meses, trabalha para aquele fim. Ninguém fora daquelas 4, 6 ou 8 pessoas pode sequer sonhar a imagem final do dito cujo. O trabalho, esse, é pelas orelhas: há que imaginá-lo, recolher materiais, fazer peditório porta a porta (algo, devo dizer, pouco simpático), reunir com os outros membros do grupo, pôr as mãos na massa, cortar, recortar, colar, montar. Até que no fim, toda a aldeia se centra na meia dúzia de casas de onde vão sair os famosos andores. A curisidade sente-se a milhas...

"Levar um andor" é uma honra e um prestígio para alguém com sentimento de pertença à terra. Desde os mais pequeninos aos mais velhos, todos podem viver essa sensação. A diferença é que cabe aos mais pequeninos a saborosa tarefa de carregar os andores mais bonitos e mais simbólicos .

A capelinha da Garcia foi a minha primeira experiência nestas lides. Carregar aquele pequeno mundo aos ombros foi algo que nunca esqueci. Não dá para esquecer. Ainda por cima, lado a lado com o meu maior amigo da primeira infância: o Guilherme, companheiro de todas as aventuras, melhores traquinices e malvadezas.

É fácil perceber a carga simbólica que a capela tem para mim. Por isso, sempre sonhei casar ali, naquele largo, naquela capela que já carreguei aos ombros. É daqueles sonhos que sonhamos sem sequer saber que estamos... a sonhar.

Deparar-me com a possibilidade de ter de esquecer e apagar de dentro de mim tudo isto é uma missão quase impossível. Mas sim, é verdade... Dificilmente vamos conseguir casar naquele lugar...

Não me apetece dizer mais nada...

sábado, 5 de setembro de 2009

.Ellie e Frederickson

Ora bem, ir ao cinema sempre foi um bichinho que nos mordeu. Gostamos de filmes. Dos bons, claro está. E vê-los num ecrã de vários metros, numa sala escura e com um som digno, é algo a que, há muito, nos rendemos.

Desenhos animados é coisinha a que também não ficamos indeferentes. Afinal, continuamos a ser umas crianças... (para quem tinha dúvidas, eis que surge a confissão). Então, volta e meia, lá vamos nós ver bonequinhos ao cinema city. E se no nosso tempo de infância a animação se centrava em histórias um tanto ou quanto dramáticas, hoje a moda virou e estes filmes são as melhores comédias que aí andam. Pequena Sereia, Dumbo, A Dama e o Vagabundo retratam cenas cheias de emoção. Os mais choramingas (como eu) não conseguem deixar de sentir uns arrepeios na espinha. Já Shrek, Bolt, Madagascar e outros tantos são oportunidades únicas de largar umas valentes gargalhadas.

**

Bom, estamos de férias, estamos felizes e apetece-nos rir. "Então 'bora ver o UP, a Leiria. Deve ser muita giro!" As luzes apagam-se e lá estamos nós, tipo ilha, únicos adultos sem crianças, sentados no meio da sala. Mas tudo vale a pena se é para diversão. Reclames, patrocínios, anúncios, blá blá blá. Nomes diferentes, um objectivo: publicidade... Eis que, finalmente, começa o dito cujo...

Frederickson e Ellie conhecem-se em crianças. São parecidos. Ah pois são! Os mesmos gostos, os mesmos sonhos, desejos, expectativas e maluquices. Casal perfeito. Casam. Não têm filhos... Não porque não queiram... Constroem um lar, uma casa. Passeiam. Sonham. Ficam mais velhos. Sorriem. Choram. Ficam mais velhos. Apoiam-se. Amam-se. Ficam mais velhos. Ellie adoece. Ellie morre. Fredericckson fica só, numa casa cheia de... Ellie e Frederickson... Isto corresponde a uns 5 minutos do filme. Nesta altura, já eu era uma autêntica banheira de lágrimas... Mas uma coisa descontrolada. É o que dá contar, e contar bem, uma história tão verdadeira, comum e inerente ao Ser Humano. "Ok, para quem vinha ver comédia, isto está bem encaminhado."

Esta história marcou-me, sim. Porque retrata a vida de um casal que se ama até ao fim e que deixa um sonho comum por concretizar. Retrata a história do membro do casal que fica só, sem a companhia de uma vida, sem o amor de uma vida. Fala de magia, de força e energia. Fala de projectos comuns e da ligação material que temos às coisas que fizeram parte da vida de alguém que amamos.

É verdade que sou uma torneirinha, mas acredito que histórias que falem de sentimentos, de ligações fortes, sensíveis e poderosas entre pessoas, não passem despercebidas. Não podem passar...

E um dia, quando olhar para trás, quero ver em nós uma Ellie e um Frederickson.

.sonho, quanto brilhas tu?

"Emoção", "Amor", "Lágrimas nos olhos dos noivos".

Foram as primeiras palavras que ouvi quando cheguei à quinta, no vosso sábado, 1 de Agosto. Não estive presente no vosso momento mágico, mas foi como se estivesse. Na verdade, estes comentários serviram como espelhos encantados que me revelaram tudo. E porque será que não fiquei espantada ao ouvi-los, Sofia e Nelson? Se calhar porque vocês são transparentes, sinceros, apaixonados. Meus queridos noivinhos...

Tudo estava lindo e mágico como sonharam. Nas vossas caras lia-se felicidade e extase. Às portas dessa noite estava uma vida completamente nova. E isso sentia-se na energia que vocês soltavam. Um mundo diferente completamente por estrear... Um mundo que construíram com a calma que o Casamento exige e a ansiedade que o Amor injecta...

Agora sim, tudo está pronto! A festa do casamento marcou não só a vossa união matrimonial, como também a entrada nesta nova etapa na vossa vida.

"Assim é tudo mais mágico." Sim Sofia! É.