.9 anos, 11 meses e 26 dias.

Diz-se "a idade é uma variável vaga". Concordo. Se todos pensássemos assim haveria, certamente, menos preconceito. Tendemos a considerar a idade de alguém como factor fulcral no julgamento dos actos e decisões tomadas. Na verdade, todos conhecemos aquele caso de 30 e muitos anos que ainda não tem juízo e reconhecemos o adolescente que impressiona pela sua maturidade. Verdade?

Bom, pai, a pergunta foi directa, curta e grossa Vais namorar 10 anos!? - Não sou a primeira, disse-te, do alto dos meus 15 anos. Bom, na verdade, não serão 10 anos! Enganaste-te. Mas o raio da profecia foi forte paizito! 9 anos, 11 meses e 26 dias. Mesmo assim, ganhei-te.

Hoje posso dizer-te que talvez eu tivesse dito o mesmo, se estivesse no teu lugar. Admito que sim. Mas, pai, se eu tivesse mesmo aquela idade que o preconceito dizia que eu tinha, não teria tido o mesmo percurso de vida, pois não? Hoje tu sabe-lo. Como eu sei, como eu sabia. O resto do mundo sabe. Mas hoje eu também sei qualquer coisa que, naqueles dias, não entendia. Olhar para trás, é muito mais fácil do que olhar para a frente, para o desconhecido. É tão leve olhar para trás e dizer -Vês! Correu tudo bem! - Porém, pensar o amanhã, não é simples. Não é.

Apesar de tudo, 9 anos, 11 meses e 26 dias depois garanto que vamos todos ouvir esse - Correu tudo bem!! Porque sabe bem dizê-lo. Porque se não podemos prever, pelo menos, congratulemo-nos com o que podemos reviver...

E mais não digo.